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Desde 10.03.2006
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CARBON O GATO

 

 

Quando chegamos ao Allan Legge Boatbuilders, onde se encontra o GUARDIAN, e este é o especifico nome do estaleiro, conhecemos uma figura notável. Obviamente que o proprietário Allan e sua gentil esposa Pauline também o são. Mas o fato é que conhecíamos ao CARBON. Um gato com nada especial, aparentemente, todavia quando o se conhece é algo extraordinário. 

Nos primeiros meses, olhava-nos de rabo de olho, como a pensar: 

Que estranho este cara estrangeiro, fala uma língua diferente, nunca dantes a ouvi, mas aparentemente não parece ser má pessoa

Enquanto estávamos no pátio, raspando a tinta venenosa e os trabalhos preparativos para adentrarmos ao “shed”, ele vez por outra aparecia.  

As sextas feiras na “beer time”, quando todos se reúnem para a gelada e o encerrar da semana, um habito muito salutar. Carbon sempre aparecia e começava a estabelecer uma pequena amizade conosco. O velho que todos chamam de Jhon, fala diferente e tem as barbas brancas.

Após nos adentrarmos ao “shed”, estávamos em sua área interna, o que vale dizer a sua residência. Não éramos mais um intruso. 

Ao terminar o dia, por volta das 17 h, Allan e Pauline retornavam a sua casa e ficávamos quando então nos encontrávamos sozinhos no “shed’, então ele aparecia sorrateiramente, nos mirava de longe de forma circunspeta, e de forma sutil se escafedia. 

Nestes dois primeiros meses no inicio de nossa estada no shed, nosso filho mais velho Alexandre viera da Austrália para nos dar uma mão nos serviços iniciais de desmontagem dos equipamentos do GUARDIAN. Assim, trabalhávamos sempre ate às 23 h ou meia–noite, e sempre lá estava o CARBON a nos observar. 

A neta única de Allan e Pauline, a encantadora Sophie, com seus quatro anos viera passar uma semana com os avós aqui em Opua, e o dia inteiro se encontrava no estaleiro. CARBON sentia invejas doentias e pelo que pudemos notar não era muito afeto a crianças. Sendo Sophie o alvo maior das atenções e acabou achando guarida no velho de brancas barbas e fala esquisita. 

Vinha, como quem não quer nada, dava suas características miadas e deixava que o alisássemos. Desta arte foi se iniciando uma primeira amizade entre nós e o CARBON. 

Ele como o próprio nome já o diz, é preto, mas com meias brancas e peito também, o que por vezes brincamos estar ele vestindo um “smoking”, de black tié. 

Os dias, semanas e meses forem passando e CARBON se apegando ao Jhon. Já não nos olhava mais de rabo de olho, vinha de forma sorrateira e o acarinhávamos de forma tranquila. 

Nós que sempre fôramos muito afetos a crianças e animais, e sozinhos, encontrávamos um companheiro, principalmente a noite uma excelente companhia.  

Entretanto não o sabíamos ainda, nem ele, a amizade que eira se estabelecer entre nós. 

Nossa escola de trato com animais foi quase um doutorado, e ministrada as aulas por nossos “micos”, quando morávamos em nossa casa na Praia do Francês, em Alagoas.  

Viviam conosco e faziam parte da família, uma outra família a dos “micos”, que se apegaram de forma extraordinária a nós. Estes acabaram por nos ensinar como deve ser o trato dos humanos com os animais em seus mínimos detalhes. 

O primeiro e único óbice a ser vencido para se estabelecer uma amizade é ganhar a confiança, vencido este obstáculo acabam-se as duvidas e o animal torna-se seu amigo e companheiro.

Não obstante para se adquirir a confiança, o caminho maior, e melhor, é o fornecer do alimento. Este, no caso do CARBON, feito por Alan e Pauline.  

O fato que gerou esta atividade para nós, de fundamental importância, foi à necessidade deles estarem ausentes por cerca de uma semana, iriam a Auckland, e nos solicitavam alimentarmos ao CARBON. 

Conseqüentemente dois fatores de fundamental importância se agregavam à equação de adquirirmos a confiança do CARBON. O primeiro o alimentarmos e o segundo, com a ausência de seus amigos, e a saudade se fazendo presente, o elo de ligação com ele éramos nós. 

Dito e feito, ao choramingar pelos cantos do estaleiro a procurar seus amigos, e não os encontrando vinha a nós. 

Preparamos uma pequena caixa de papelão alcochoada, com sua comida ao lado, e abaixo de nossa mesa de trabalho e CARBON, encontrava ali a seu local. 

Como o definimos, CARBON é um intelectual, aparentemente, não gosta de barulhos, de movimentos rápidos, e não é afeto a pegarem no colo. Este ultimo proceder tem que partir dele a iniciativa. 

Nestes dias em que Allan e Pauline estiveram ausentes, foram muito frios e a noite mais ainda. 

Ficávamos ao terminar dos serviços diários, sentados em nossa mesa de trabalhos analisando as tarefas realizadas no dia e a providencias para o dia seguinte.Finalizada esta atividade, assistíamos a um filme em nosso DVD Player, ou escutávamos uma área de opera. Uma musica clássica ou um samba que matávamos as saudades da terra pátria. 

Foi quando CARBON resolveu desta atividade relaxante, também participar.

Vinha sorrateiramente e se colocava inicialmente sob nossa cadeira. O alisavamos e vapt-vupt, pulava rápido, com a agilidade de todo o felino, e se punha em nosso colo. Agasalhados e bem face ao frio, era o local desejado por ele, alem do fato de também ele estar quente, ficávamos fazendo cafuné nele e aquecíamos nossas mãos. Enfim, mutuamente nos aquecíamos. 

E se tornou habito diário à noite tal proceder e a confiança fora estabelecida e ganhávamos a sua amizade in toten. 

Por vezes íamos ao interior do GUARDIAN e ele nos acompanhava, seguia todos os nossos passos, era inegavelmente aquele parceiro para as noites frias e solitárias no shed. 

Allan e Pauline retornavam e admirados viam o CARBON cheio de apegos e intimidades conosco e se admiraram, pois nunca jamais CARBON se dera com alguém assim. Mesmo com eles presentes ao finalizar do dia lá vinha o parceiro e amigo a estar sobe nossa cadeira e depois pular em nosso colo. 

 

Um fato deveras interessante viera a ocorrer semanas seguintes, que passamos a narrar; 

O dia fora de muitas atividades para nós estávamos a montar as portas de venezianas, paralelamente envernizando algumas peças, alem de concomitantemente estarmos pintando o cockpit. 

Ao final do dia e ate por volta das 23 h era o limpar das ferramentas, organizar o material e deixar tudo preparado para o dia subseqüente. 

Para não quebrarmos o relacionamento com CARBON, íamos comentando os afazeres com ele: 

– Esta vendo parceiro, agora o limpar da pistola do spray do verniz.

– Agora é o guardar as lixas não usadas e a lixadeira ali.

– Aqui é o local das tintas de amanha.

– Estes pinceis de arremates vamos deixá-los de molho na acetona para seus pelos estarem de acordo. 

CARBON nos seguia atentamente captando nossos ditos e acreditamos entendendo perfeitamente. 

De repente distraídos nos encontrávamos, que não notamos o seu rápido defenestramento. 

O chamamos, e nada! 

Bem, pensamos, se aborreceu com este papo de trabalho e se retirou circuncisflautico.  

Distraídos ficamos a concluir as providencias para o dia seguinte, quando de repente ouvimos as duas miadas graves características de sua presença e repentina chegada. 

Fomos ao local onde se encontrava, sob nossa cadeira, e em sua boca um passarinho. Colocando-o no piso nos olhava como quem diz; 

- Você faz e fala das suas coisas, tudo bem, eu faço as minhas também, esta é minha atividade!!!

 E começou a degustar a sua caça. 

A partir deste dia CARBON passou a ser para nós não só o gato, mas CARBON o GATO MAORI CAÇADOR!!! 

 Hoje, agora enquanto escrevemos este texto, o comentamos com nosso amigo e companheiro das noites frias de inverno na Nova Zelândia, e ele vez por outra nos olha como a dizer: 

Escreve de acordo a meu respeito para seus amigos do Brazil (com z mesmo, pois assim é em seu idioma)

MIAUUUUUUUUUU!!! 

Valeu CARBON, temos a absoluta certeza que nossos amigos, os que acompanham a viagem do GUARDIAN e os irmãos e Almirantas de nosso Grupo Yahoo Guardianboat, irão também o admirar como nós. Alias das maiores amizades feitas por nós nestas terras da Nova Zelândia, você o nosso super mano CARBON!!!

 

 

João Sombra e CARBON

Opua, 21 de julho de 09
 

 

 

 

 

 

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